sábado, 18 de novembro de 2006

MOSTRA CINEMATOGRÁFICA: O NEGRO NO CINEMA

por Lisiane Machado

19 a 21 de novembro de 2006 - Porto Alegre RS

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Estabelecendo um olhar critico para a produção cinematográfica brasileira, a Mostra: O Negro no Cinema, em sua edição de 2006, pretende valorizar as propostas nacionais de cinema temático étnico, destacando seu ídolos, pensadores, diretores, atrizes e atores negros.

Esta edição faz destaque a Zózimo Bulbul, ator e diretor de cinema que tem sua carreira iniciada em meados dos anos 60, com formação no Centro Popular de Cultura – CPC da União Nacional de Estudantes – UNE. Começa a trabalhar como ator no Cinema Novo, tendo atuado em importantes filmes na história do cinema brasileiro, sob a direção de Glauber Rocha, Leon Hirzman, Antunes Filho e outros. Trabalhou em aproximadamente 30 filmes como ator. Atualmente vive no Rio de Janeiro.

Iniciou como diretor em 1974 com o curta metragem em preto e branco Alma no Olho. Produtor e roteirista de 1974 até 2004 de 6 curta metragens e 1 longa, todos com foco específico na valorização da cultura negra no Brasil e na preservação de sua memória.

Sua preocupação como artista sempre foi o registro da vivência do seu povo através de filmes que denunciam as diferenças, a solidão, a discriminação e a desigualdade que o povo negro sempre vivenciou neste país, flagrando as reações de luta e de desafio em imagens alegres, fortes e musicais de acordo com os caminhos que sua origem indica.

Seu longa metragem Abolição é um documento nacional com depoimentos em diversos estados: São Paulo, Bahia (Salvador e Cachoeira), Minas Gerais (Uberaba), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), Pernambuco (Recife) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e Niterói). Sua obra fílmica completa: Pequena África (2002), O Dia Nacional do Samba (2000), Aniceto do Império, Em Dia de Alforria (1981), República Tiradentes (2004/2005) e Alma no Olho (1974) um documento universal.


PROGRAMAÇÃO

19 de novembro – domingo
Teatro Dante Barone – Assembléia Legislativa

10 h - KIRIKU E A FEITICEIRA
Direção: Michel Ocelot, 70 minutos, 2002
Uma história que celebra a coragem, a curiosidade e a astúcia sobre uma comunidade subjugada por uma terrível feiticeira.
Kiriku, um menino que nasceu para lutar e combater o mal, enfrenta o poder de Karabá, a feiticeira maldosa e seus guardiães. Kiriku aprende em sua luta que a origem de tanta maldade é o sofrimento e só a verdade, o amor, a generosidade, a tolerância, aliados à inteligência, são capazes de vencer a dor e as diferenças.
Um desenho animado moderno que fala a linguagem das crianças sem subestimar a inteligência dos adultos.

14h30min - NARCISO RAP
Direção: Jéferson De, 18 min, 2003
Narciso, um garoto negro de periferia, ganha uma lâmpada mágica e pede ao gênio para ser visto branco pelos brancos e negro pelos negros...

15h – FALA TU
Direção : Guilherme Coelho, 74 minutos, 2004
Fala Tu nos mostra o cotidiano de três moradores da Zona Norte carioca que, em comum, têm a paixão pelo rap. Durante nove meses, a equipe testemunhou os sonhos, dramas e transformações vividas pelos personagens. Fazendo-se assim uma crônica de um Rio de Janeiro de hoje. O filme é um olhar sobre estes três personagens cariocas e sobre o que eles têm a nos dizer.

16h30min– CAFUNDÓ
Direção: Paulo Betti e Clóvis Bueno, 102 minutos, 2005
Cafundó é inspirado em um personagem real saído das senzalas do século XIX. Um tropeiro, ex-escravo, deslumbrado com o mundo em transformação e desesperado para viver nele. Este choque leva-o ao fundo do poço. Derrotado, ele se abandona nos braços da inspiração, alucina-se, ilumina-se, é capaz de ver Deus. Uma visão em que se misturam a magia de suas raízes negras com a glória da civilização judaico-cristã. Sua missão é ajudar o próximo. Ele se crê capaz de curar, e acaba curando. O triunfo da loucura da fé. Sua morte, nos anos 40, transforma-o numa das lendas que formou a alma brasileira e, até hoje, nas lojas de produtos religiosos, encontramos sua imagem, O Preto Velho João de Camargo.

18h30min– FILHAS DO VENTO
Direção: Joel Zito Araújo, 85 minutos, 2005
Uma lírica história de redenção amorosa entre irmãs, mães e filhas. Reunindo o maior elenco negro da História do Cinema Brasileiro, o filme aborda temas pertinentes às mulheres de qualquer parte do mundo. Mas, em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, os fantasmas da escravidão e do racismo acentuam os dramas das personagens de forma sutil e poderosa. Em uma impactante peça ficcional de cunho político e social, o diretor Joel Zito Araújo substitui os papéis estereotipados, comumente interpretados por atores negros nas telenovelas brasileiras, por uma rica e multifacetada construção de personagens, mesmo quando habilmente emprega diversos recursos da dramaturgia da telenovela para se comunicar com grandes audiências.

20 de novembro – segunda-feira
Centro Cultural CEEE – Erico Verissimo

18h30min - Seqüência de Filmes de Zózimo Bulbul
ALMA NO OLHO
11 minutos,1974
Considerado por críticos como melhor trabalho de Zózimo. Faz uma reflexão sobre a identidade negra no Brasil através da mímica e linguagem corporal focando a origem africana, a colonização européia e a libertação através da identidade cultural.

ANICETO DO IMPÉRIO EM DIA DE ALFORRIA
12 minutos,1981
Faz parte da obra deste cineasta sempre preocupado com a preservação da memória da cultura preta no país e das suas personalidades. Filma Aniceto do Império em 81. O personagem, desconhecido de muitos, com 72 anos foi líder sindical, fundador da escola de samba Império Serrano e trabalhador do cais do Porto. O que motivou foi pesquisar a origem, do Império Serrano, perpetuar a dignidade do samba e do trabalho de militantes e a solidão deste personagem no final da vida.

PEQUENA ÁFRICA
14 minutos, 2002
É um resgate da história da cidade do Rio de Janeiro através do olhar preto. A valorização de um lugar habitado pelos pretos no Rio de Janeiro como Pedra do Sal, Praça Mauá, Gamboa e Sto. Cristo.
Os casarios, o Cemitério dos Pretos, o Valongo e a Casa da Engorda e o lugar onde chegavam, mas também o nascimento do Samba, a importância da Tia Ciata na Praça XI, a importância do Morro da Providência e a lembrança de um bairro que se chamava Pequena África.
Uma visão moderna e não convencional, valorizando a história e a auto estima dos que construíram e ocuparam esta cidade, com seus costumes, crenças e sua resistência.

SAMBA NO TREM
22 minutos, 1999/2000
É um documento sobre a celebração do Dia Nacional do Samba como o objetivo de preservar a memória de parte da história do samba, que está sendo esquecida pela imprensa e pelo povo brasileiro. Filmado em 1999/2000 sai das prateleiras e é editado em 2005 através do apoio deste projeto e da vontade de amigos, produtores e artistas que acreditam no que Zózimo tem dito e no que ainda tem a dizer.

REPÚBLICA TIRADENTES
36 minutos, 2005
O filme ‘República Tiradentes’ é uma poesia afetiva baseada nas histórias das dançarinas de gafieira, dos atores, dos malandros, das meninas e de toda a boemia que viveu e vive momentos de alegria e glória no Centro da Cidade do Rio de Janeiro. É uma homenagem principalmente à origem das gafieiras. Uma história vivenciada por Zózimo ao longo de sua vida. É uma homenagem que toda a equipe presta a Zózimo, por ter sido filmado no início de sua recuperação. É também uma prova de luta e força do cineasta para a realização de um desejo antigo num momento ainda delicado.

ABOLIÇÃO160 minutos, 1988
Documentário lançado em 1988 com abrangência de filmagens nacionais. Resgate de 100 anos da abolição no país através de um olhar preto. Entrevistas com os personagens importantes para a preservação dessa cultura como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzáles, Beatriz do Nascimento, Grande Otelo, Joel Rufino, Dom Elder Câmara em contraposição com D. João de Orleans e Bragança e Gilberto Freire. Um importante documento das idéias destes pensadores, como também de presidiários, mendigos e artistas populares na sua maioria negros.
Questionamento sobre que tipo de abolição houve neste país já que a situação 100 anos depois continuava de muita luta, desigualdade e racismo.

21 de novembro – terça-feira
Estúdio Multimeios – Parque Industrial da Restinga

20h - CAROLINA
Direção: Jéferson De, 15 minutos, 2003
Brasil. Final dos anos 50. Carolina de Jesus escreve seu diário. Dentro de seu barraco ela denuncia a fome, o preconceito e a miséria. Publicada, torna-se um sucesso editorial, sendo editada em 13 línguas. Apesar do reconhecimento imediato e explosivo, a “exótica” mulher negra e ex-favelada falece pobre. Passadas algumas décadas, as palavras de Carolina continuam a ser uma denúncia contra a miséria em que se encontram milhões de pessoas.

A NEGAÇÃO DO BRASIL
Direção: Joel Zito Araújo, 92 minutos, 2000
O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.

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terça-feira, 11 de julho de 2006

MOSTRA DE CINEMA DA ÁFRICA E DA DIÁSPORA

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A Mostra de Cinema terá lugar na Sala Walter da Silveira, onde serão apresentados exemplos emblemáticos e diversos da produção recente da filmografia africana e da Diáspora, com temas ligados à reflexão sobre identidades sociais e culturais contemporâneas.

O Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a Fundação Cultural do Estado da Bahia, tem a satisfação de apresentar a “Mostra de Cinema da África e da Diáspora”, no âmbito da II CIAD – Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora.

DATAS E LOCAL
Período: de 13 a 16 de julho de 2006
Local: Sala Walter da Silveira
Rua General Labatut, 27 - Barris
Salvador - Bahia
Tel: (71) 3116-8100

Debate com cineastas convidados
13 de julho às 20:00 h
Sala Walter da Silveira

SINOPSES E FICHAS TÉCNICAS

1 - Cafundó (101’, Brasil, 2006)
“Cafundó” é uma crônica inspirada na vida real de João de Camargo, homem simples e ingênuo. Preto Velho milagreiro, ele viveu no Brasil no final do Século XIX e início do Século XX em Sorocaba. Escravo liberto, João de Camargo sofre o impacto do advento da modernidade e suas transformações políticas e econômicas, com a chegada da abolição, da República, da luz, do rádio e da industrialização. Deslumbrado e desiludido, ele deixa-se abater até atingir o fundo do poço, quando tem uma visão que o inspira, ilumina e alucina. A partir de então, firma sua identidade, dedicando sua vida a curar e abençoar seus semelhantes, fundando a igreja do Bom Jesus da Água Vermelha.

Direção: Clóvis Bueno e Paulo Betti
Roteiro: Clóvis Bueno
Produção: R. A. Genaro, Virgínia W. Moraes e Paulo Betti
Fotografia: Zé Bob
Direção de Arte: Vera Hamburger
Elenco: Lázaro Ramos, Leona Cavalli, Leandro Firmino, Beto Guiz, Ernani Moraes

2 - O Dia Em Que O Brasil Esteve Aqui (72’, Brasil, 2006)
Documentário que mostra a euforia dos cidadãos haitianos em Porto Príncipe, em junho de 2004, quando a seleção brasileira de futebol jogou um amistoso contra o time local.

Direção: Caito Ortiz e João Dornelas
Produção: Adriano Civita
Fotografia: Cristiano Wiggers

3 - O Herói (97’, Angola/França/Portugal, 2003)
Recrutado aos 15 anos de idade pelo exército angolano, Vitório deixa a vida militar depois de duas décadas de combates. Em sua última missão, ele foi atingido por estilhaços de uma mina e teve uma perna amputada. Depois de meses de espera, consegue uma prótese. Sem conseguir emprego e reencontrar sua família, ele depara-se com a indiferença e a zombaria das pessoas. Certo dia, dormindo na rua, tem sua prótese roubada. Três pessoas tentam fazê-lo recuperar a esperança: a prostituta Judith, o menino Manu e Joana, professora do menino.

Direção: Zezé Gamboa
Roteiro: Carla Batista
Produção: Fernando Vendrell
Fotografia: Mário Masini
Elenco: Makena Diop, Milton Coelho, Patricia Bull, Maria Ceiça

4 - As Ruas de Casablanca ( 99’, Marrocos/França, 2000)
Ali, Kwita, Omar e Boubken, todos com 12 anos, são meninos de rua em Casablanca. As ruas são sua casa e as pessoas que nelas moram, sua família. Sem ter para onde ir nem onde se esconder, a sobrevivência é um problema cotidiano e a amizade, o elo insubstituível que os une. Até que um dia, Ali é morto - teve sua vida abreviada por um ato de vingança de uma gangue rival. Seus amigos bem que poderiam abandoná-lo ali, morto, mas decidem dar-lhe o enterro que merecia - o de um rei.

Título original: Ali Zaoua
Direção: Nabil Ayouch
Roteiro: Nabil Ayouch e Nathalie Saugeon
Produção: Etienne Comar, Jean Cottin e Antoine Voituriez
Fotografia: Vincent Mathias
Direção de Arte: Said Rais
Elenco: Mounim Kbab, Mustapha Hansali, Hicham Moussoune, Abdelhak Zhayra, Said Taghmaoui, Amal Ayouch

5 - À Espera da Felicidade ( 95’, Mauritânia/França, 2002)
Ao visitar sua mãe antes de emigrar para a Europa, Abdallah, um rapaz de 17 anos, sente-se um estranho em sua própria terra. Natural de Nouadhobou, uma pequena aldeia na costa da Mauritânia, ele é atraído pela cultura ocidental, enquanto os costumes e festividades locais o envergonham. Porém, seu ponto de vista começa a se modificar, aos poucos, depois de ele conhecer a jovem e sensual Nana, o velho Maata e um menino órfão que se chama Katra e é dotado de uma profunda curiosidade.

Título Original: Heremakono
Direção: Abderrahmane Sissako
Roteiro: Abderrahmane Sissako
Produção: Maji-da Abdi, Nicolas Royer, Guillaume de Seille
Música: Oumou Sangare
Elenco: Khatra Ould Abder Kader, Maata Ould Mohamed Abeid, Mohamed Mahmoud Ould Mohamed, Nana Diakité, Fatimetou Mint Ahmeda

6 - Nha Fala (90’, Guiné-Bissau/Portugal/França, 2002)
Antes de partir para a Europa para estudar, Vita, uma jovem africana, promete à mãe que jamais cantará, pois uma maldição que se abate sobre a sua família determina que qualquer mulher que ouse cantar morrerá. Em Paris, Vita conhece Pierre, um jovem e talentoso músico por quem se apaixona. Transbordando alegria, Vita liberta-se finalmente e canta, deixando-se convencer por Pierre a gravar um disco, que se torna um sucesso de vendas imediato. Temendo que a mãe descubra que quebrou a promessa, Vita decide voltar a casa… para morrer! Com a ajuda de Pierre e Yano, Vita encena a sua própria morte e ressurreição, para mostrar à família e amigos que tudo é possível, se tiverem a coragem de ousar.

Direção: Flora Gomes
Roteiro: Flora Gomes, Franck Moisnard
Produção: Luís Galvão Teles
Música: Manu Dibango
Elenco: Fatou N'Diaye, Jean-Christophe Dollé, Ângelo Torres, Bia Gomes, Jorge Quintino Biague, Carlos Imbombo

7 - Samba Troré ( 85’, Burkina Faso/França, 1992)
Samba foge para sua aldeia, depois de um assalto a um posto de gasolina. O amigo morre num tiroteio. Samba escapa com o dinheiro, mas perde a paz. Ele conhece Saratou. Os dois passam a viver juntos, dando apoio um ao outro, na tentativa de esquecer o passado. Saratou tem um filho de dez anos, Ali, de um homem que abandonou. Salif, um amigo de infância, e sua mulher Binta testemunham o ato de desespero de Samba de se livrar de seus pecados.

Direção: Idrissa Ouédraogo
Roteiro: Idrissa Ouédraogo, Jacques Arhex, Santiago Amigorena
Produção: Idrissa Ouédraogo, Silvia Voser
Fotografia: Pierre Laurent Chenieux
Música: Wasis Diop, Falon Cahen
Elenco: Bakary Sangare, Mariam Kaba, Abdoulaye Komboudri, Irene Tassembedo

8 - Roble de Olor ( 127’, Cuba, 2003)
Primeira metade do século XIX . Em Cuba, lugar de enigmas, sonhos e tragédias sem fim, uma mulher negra e bonita procedente do Haiti e um alemão - romântico comerciante recém chegado à ilha- protagonizam a história do amor infinito que fez florescer o cafezal mais rico de Cuba: Angerona. Foi um período obscuro, em um lugar cercado por intolerância, incompreensão, conflito de interesses e poder absoluto.

Direção: Rigoberto López
Roteiro: Eugenio Hernandez Espinosa e Rigoberto López
Produção: Humberto Hernandez
Fotografia: Livio Delgado
Elenco: Jorge Perugorría, Lía Chapman, Rúben Breñas, Raúl Martín, Raquel Rubí